Trend da foto Polaroid com falecidos emociona, mas levanta debate; entenda
Nos últimos meses, viralizaram diversas fotos e vídeos feitas com o Gemini, IA do Google, que consistem em montagens de usuários “abraçados” com celebridades, como Lady Gaga, Taylor Swift, Jungkook e outros. Mas a trend ganhou um rumo mais delicado: muitas pessoas começaram a recriar fotos com parentes que já morreram. Enquanto alguns enxergam a prática como uma forma de homenagem e lembrança, especialistas em saúde mental alertam para os possíveis riscos dessa interação. Confira mais detalhes na matéria do TechTudo, a seguir.
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Trend da foto Polaroid começou com famosos, mas internautas também fizeram fotos com parentes falecidos usando Gemini; veja análise de especialistas
Reprodução: TikTok (@olhosdebaleia @manuu_santoos @joydutra365)
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O que é a trend da Polaroid?
A trend, inicialmente, propunha fazer uma montagem de foto do tipo Polaroid com ídolos, a partir da inteligência artificial do Gemini Google, que gera fotos ultrarrealistas de famosos, reais ou fictícios, em estilos que remetem ao clássico efeito da foto impressa. Mas aconteceram casos em que algumas pessoas escolheram “reviver” ou ter a sensação de ter conhecido parentes que faleceram. O que, apesar de poder ser considerada uma homenagem, também abre debate para outras questões éticas sobre consentimento e impacto psicológico.
Veja montagens com familiares na Trend da foto Polaroid
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Conforto ou ilusão?
Para quem perdeu alguém querido, ver uma imagem realista ao lado da pessoa pode trazer alívio momentâneo e até sensação de proximidade. No entanto, psicólogos apontam que isso pode dificultar o processo de aceitação da perda, prolongando a fase de negação do luto.
“A criação de registros com IA de pessoas falecidas pode ser saudável se usada com consciência, como forma simbólica de memória. Mas o uso prolongado, especialmente em contextos de negação, pode ser prejudicial à saúde mental”, explica a psicóloga Neurides Almeida, especialista em Fenomenologia.
Contudo, o psicólogo clínico Luiz Mafle, doutor em Psicologia pela PUC Minas e pela Universidade de Genebra, reforça que o impacto varia conforme o momento emocional de cada pessoa:
“Se a pessoa já superou o luto, a imagem pode ser positiva, pois lembrar de alguém querido não significa viver na dor. Mas, se ainda está no processo, a montagem pode intensificar o sofrimento. Não é apenas uma questão de fazer ou não, e sim de entender em qual fase do luto a pessoa se encontra.”
Um debate ético e emocional
Além da dimensão psicológica, o uso dessas montagens levanta discussões éticas e legais em torno da autorização do uso de imagem. “Até que ponto é saudável manipular a imagem de quem já morreu?” ou “o que fazer quando familiares discordam da recriação?” são alguns dos questionamentos que surgem a partir dessa trend.
O que dizem os especialistas em Direito sobre a Trend da Polaroid
Segundo a advogada Mariana Moreti, mestre em Propriedade Intelectual, o direito de imagem continua valendo mesmo após a morte.
“No Brasil, o direito de imagem continua protegido mesmo após a morte. Trata-se de um direito da personalidade protegido pelo art. 5º, X, da Constituição Federal e pelos arts. 11 a 21 do Código Civil. […] ainda que se trate de imagens geradas por inteligência artificial, e não de uma foto real, o uso da representação da pessoa falecida pode ser considerado exploração de sua imagem. Se feito sem consentimento dos familiares, abre espaço para questionamentos jurídicos e até pedidos de indenização.”
A família detém, portanto, da legitimidade para proteger a imagem da pessoa falecida. O uso sem consentimento pode gerar responsabilização, sobretudo se a exposição atingir a memória e honra do falecido ou se houver finalidade comercial.
Como usar a IA de forma mais saudável?
Para os psicólogos, a IA pode ter papel positivo se utilizada com cautela, como em contextos de homenagem coletiva ou projetos de memória, sem substituir o processo natural de despedida.
“O luto em si não precisa ser tratado como doença, mas sim acolhido. Fazer essas imagens pode tornar o processo mais doloroso. É difícil antecipar qual será a reação de cada pessoa, mas a tendência é que, quando afastamos a imagem de quem perdemos, a mente comece a desfazer esse laço e a elaborar a perda. Se a imagem permanece presente, ela pode gerar gatilhos constantes, intensificando o sofrimento. Não dá para dizer com certeza se isso tornaria o luto mais rápido ou mais lento, mas é possível que o torne mais doloroso”, explica Mafle.
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