O que acontece com seu corpo ao passar muito tempo usando fone? Veja riscos
O uso de fones de ouvido virou parte da rotina de milhões de pessoas, seja para ouvir música, assistir vídeos, participar de reuniões de trabalho ou se isolar do barulho externo. Mas especialistas alertam: essa prática, quando feita em excesso, pode trazer riscos sérios para a saúde auditiva e até para outras estruturas do corpo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de jovens correm risco de desenvolver perda auditiva por conta de hábitos inadequados com o uso de fones. Os problemas vão desde zumbidos persistentes até inflamações e dores constantes no ouvido. Muitos desses danos não aparecem de imediato, mas se acumulam silenciosamente ao longo dos anos.
Para entender melhor os impactos, o TechTudo conversou com a Dra. Tatiana Santos, otorrinolaringologista do Sírio-Libanês em Brasília, e também reuniu dados científicos que comprovam as consequências pelo mau uso do acessório. O objetivo é responder às principais dúvidas sobre tempo de uso, volume seguro, diferenças entre modelos de fones e estratégias para proteger a audição.
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Uso prolongado ou em alto volume nos fones de ouvido podem ser prejudiciais à saúde
Divulgação/Pexels (Kaboompics.com)
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Para esclarecer as suas dúvidas com base em informações de especialistas e fontes técnicas, confira a seguir os tópicos que serão abordados na matéria:
Quais danos o uso de fones de ouvido por muitas horas pode causar?
E se eu usar o fone por pouco tempo, mas em volumes altos?
Existe um tempo limite para que o uso comece a ficar prejudicial?
Tem algum modelo de fone que seja mais perigoso?
Os prejuízos são sentidos imediatamente ou só depois de alguns anos?
Dicas para usar o fone de ouvido de forma segura
1. Quais danos o uso de fones de ouvido por muitas horas pode causar?
O uso prolongado de fones está diretamente associado a problemas que geram ou incômodo, ou perdas irreversíveis.
O uso inadequado dos fones, principalmente em volume alto e por muito tempo, pode causar perda auditiva, zumbido e dor no conduto auditivo externo
A explicação médica se deve ao desgaste das células ciliadas da cóclea, estruturas responsáveis por captar estímulos sonoros e transmiti-los ao cérebro. Quando essas células sofrem danos, o prejuízo é irreversível. Além disso, a falta de pausas e o uso contínuo favorecem inflamações e desconforto na região da mandíbula e da têmpora.
Estudos, como o do Hospital Paulista, alertam sobre a higiene: passar muitas horas com o acessório favorece o acúmulo de umidade e suor, criando um ambiente propício à proliferação de bactérias. Isso pode levar à otite externa, uma inflamação dolorosa que afeta o canal auditivo.
Usuários que optam por fones com cancelamento de ruído podem reduzir o volume necessário, evitando esforços auditivos para ouvir sons em ambientes barulhentos e, assim, protegendo as células ciliadas da cóclea, que são responsáveis pela audição.
Lucas Mendes/TechTudo
2. E se eu usar o fone por pouco tempo, mas em volumes altos?
O tempo de uso não é o único fator que pesa na saúde auditiva. A intensidade do som pode ser ainda mais perigosa. A exposição a sons acima de 85 decibéis já é capaz de causar lesões no ouvido interno. A Dra. Tatiana explica que “essas lesões podem danificar as células auditivas de forma irreversível”, especialmente quando o volume é excessivo.
O risco se reflete em casos de trauma acústico, que pode ocorrer após uma única exposição a volumes muito altos. Os sintomas incluem zumbido, sensação de ouvido entupido e dificuldade para ouvir sons mais finos. Embora alguns sintomas melhorem com o tempo, as sequelas podem permanecer.
Segundo o Hospital Karpagam, a prática de ouvir música em níveis elevados pode causar perda auditiva permanente até em jovens saudáveis. Isso é agravado em ambientes barulhentos, onde há tendência de aumentar ainda mais o volume.
3. Existe um tempo limite para que o uso comece a ficar prejudicial?
Não existe uma regra única, mas especialistas apontam a chamada regra 60/60: usar os fones por até 60 minutos seguidos, em no máximo 60% do volume do aparelho. Segundo a Dra. Tatiana, além do tempo, é essencial fazer pausas regulares e nunca usar os fones de forma contínua ao longo do dia.
Estudos divulgados pela University of Utah Health mostram que sons de 85 decibéis podem ser tolerados por até oito horas diárias. No entanto, quando o volume sobe para 100 decibéis, o tempo seguro cai para apenas 15 minutos. A longo prazo, qualquer excesso acelera o desgaste das células auditivas.
A recomendação médica é prestar atenção nos sinais de alerta: se o som do fone pode ser ouvido por pessoas próximas, está alto demais. Além disso, sintomas como zumbido e dor de ouvido não devem ser ignorados.
A Dra. Tatiana Santos explica que o uso contínuo de fones intra-auriculares, muito próximos ao tímpano, aumenta a intensidade do som direto na orelha interna
Divulgação/JBL
4. Tem algum modelo de fone que seja mais perigoso?
Os fones intra-auriculares, também conhecidos como earbuds, são considerados mais agressivos para a audição. “Eles ficam mais próximos do tímpano, levando o som mais intenso e direto para a orelha interna”, explica a Dra. Tatiana Santos. Esse impacto direto aumenta o risco de perda auditiva.
Já os fones circumaurais (do tipo concha) distribuem melhor o som e permitem escutar em volumes mais baixos, sendo considerados mais seguros. Ainda assim, não são livres de riscos, já que a intensidade e o tempo de uso continuam sendo determinantes. O City Medicals reforça que, mesmo em modelos mais modernos, o uso prolongado pode gerar desconforto e fadiga auditiva.
Modelos com cancelamento de ruído ativo podem ajudar a reduzir a necessidade de aumentar o volume em locais barulhentos. No entanto, o conforto e a pausa no uso continuam sendo fundamentais para evitar problemas.
5. Os prejuízos são sentidos imediatamente ou só depois de alguns anos?
Os danos podem se manifestar tanto de forma imediata quanto progressiva. A curto prazo, o trauma acústico pode provocar dor, zumbido e até dificuldade de audição logo após a exposição. A médio e longo prazo, o uso contínuo e inadequado leva ao desgaste cumulativo das células auditivas.
Um adolescente que usa fones em volume excessivo pode desenvolver perda auditiva ou outros sintomas mais cedo. O que antes víamos apenas em idosos, hoje está surgindo em jovens pela intensidade e frequência do uso
Além da audição, há efeitos secundários como dificuldade de concentração, distúrbios de sono e impacto emocional devido ao zumbido crônico. Ou seja, o problema pode afetar diversas dimensões da qualidade de vida. Os alertas reforçam a necessidade de hábitos preventivos desde cedo.
O uso inadequado dos fones também pode favorecer infecções no canal auditivo externo, principalmente se os fones forem compartilhados ou mal higienizados, criando um ambiente propício à proliferação de bactérias e fungos
Divulgação/Motorola
6. Dicas para usar o fone de ouvido de forma segura
As recomendações práticas são diretas: reduzir o volume, respeitar pausas e seguir a regra 60/60. A Dra. Tatiana destaca também a importância de higienizar os fones regularmente e evitar o uso em ambientes muito barulhentos, onde há tendência de aumentar o som além do seguro.
Outra estratégia útil é dar preferência a modelos circumaurais com cancelamento de ruído, que permitem ouvir melhor em volumes mais baixos. “Uma orientação simples que damos é que o som que está no fone não pode ser ouvido por quem está ao redor”, explica a especialista.
Por fim, qualquer sinal de perda auditiva, zumbido ou dor deve ser levado a sério. Procurar um otorrinolaringologista nesses casos pode evitar danos irreversíveis e garantir maior qualidade de vida a longo prazo.
Com informações de City Medicals, G1, Hospital Karpagam, Hospital Paulista, OMS, University of Utah Health.
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