O que acontece com seu cérebro ao usar IA diariamente? Especialista alerta
Algumas funções do cérebro podem ser impactadas devido ao uso excessivo de ferramentas de inteligência artificial para realizar tarefas do cotidiano. Segundo um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, pessoas que usam o ChatGPT para escrever apresentam dificuldades de memória, atenção e raciocínio, o que indica o uso contínuo de IA pode trazer vários impactos para a cognição dos usuários. A seguir, o TechTudo explica os efeitos da tecnologia no cérebro das pessoas e como usar IA de maneira saudável. Confira.
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Uso excessivo de inteligência artificial pode comprometer algumas funções no cérebro; entenda
Igor Omilaev /Unsplash
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1. Quais são os efeitos da IA no cérebro?
Uso excessivo de inteligência artificial pode impactar funções do cérebro
Reprodução/Freepik
Ferramentas de IA, como o ChatGPT, podem trazer malefícios para o cérebro do usuário após o uso excessivo e contínuo, como impactos na memória, atenção, criatividade e raciocínio crítico. Para avaliar os efeitos da IA, um estudo do MIT dividiu 54 participantes entre 18 e 39 anos em três grupos que deveriam escrever redações no padrão do SAT, vestibular norte-americano. Um deles usaria o ChatGPT, outro, o mecanismo de busca do Google, e o terceiro grupo não usaria nenhuma plataforma. Ao longo de quatro meses, os pesquisadores usaram eletroencefalogramas (EEG) para monitorar a atividade cerebral dos participantes.
Depois disso, eles chegaram à conclusão de que os usuários do ChatGPT tiveram menor engajamento neural, baixa ativação de criatividade e memória, e menor conexão com os próprios textos – com dificuldade de lembrar ou explicar o conteúdo que escreveram. Essas pessoas ficaram mais dependentes de copiar e colar e tiveram menos esforço intelectual para escrever. Já os voluntários que escreveram as redações sem ajuda mostraram maior atividade cerebral, mais curiosidade e originalidade nos textos. Quando os grupos foram alternados, os usuários de ChatGPT tiveram dificuldade para escrever sozinhos, mas os que haviam escrito a redação sem ajuda conseguiram usar a IA de maneira complementar e benéfica.
2. A IA pode impactar a saúde mental?
Quando a inteligência artificial é usada de modo contínuo, pode provocar impactos na saúde mental
Alex Knight/Unsplash
Além dos efeitos negativos em relação à atenção, criatividade e memória, o uso intensivo de IA pode trazer consequências para a saúde mental dos usuários, causando dependência emocional, ansiedade e isolamento. Outro estudo do MIT em parceria com a OpenAI, empresa dona do ChatGPT, apontou, por exemplo, que quanto mais tempo os usuários conversam com o chatbot, maior a sensação de solidão e a dependência emocional em relação à ferramenta e menor o índice de socialização.
Segundo Thiago Henrique Roza, psiquiatra e professor da UFPR que pesquisa vícios tecnológicos, o uso excessivo de IA pode causar dependência da tecnologia, o que dificulta o usuário a resolver problemas por conta própria. Além disso, o uso de IA pode dificultar o desenvolvimento de vínculos sociais e estimular o tédio para a pessoa, dificultando a capacidade crítica de filtrar, relacionar ideias e selecionar fontes sem uso da tecnologia. “Essa interação frequente com inteligências artificiais, chatbots e LLM pode causar uma dificuldade do indivíduo adquirir habilidades, principalmente capacidades de resolução de problemas complexos e pensamento crítico”, disse o especialista.
As inteligências artificiais podem contribuir para o aumento de sentimentos ligados à inadequação, redução da autoconfiança e sensação de desamparo, que podem causar diversos danos à saúde mental dos internautas. Os fatores psicológicos agravam mais as capacidades cognitivas e aumentar a dependência dos humanos em relação à IA, com possível redução de habilidades interpessoais.
3. Como a IA afeta cada tipo de usuário?
Crianças e jovens são mais suscetíveis a malefícios no uso excessivo de inteligência artificial
Reprodução/Internet
A pesquisa do MIT revela que as crianças e jovens são mais suscetíveis a malefícios no uso excessivo de inteligência artificial porque estão com o cérebro em desenvolvimento. Quanto mais a pessoa depende da IA, menos responsabilidade ela sente em relação ao conteúdo produzido, o que pode comprometer a autonomia intelectual, o pensamento crítico e a capacidade de argumentação, gerando “custos cognitivos”. Portanto, crianças e jovens que dependem da IA para realizar as tarefas escolares podem sofrer consequências psicológicas e cognitivas.
Por outro lado, adultos que utilizam ferramentas de inteligência artificial no dia a dia podem ter mais benefícios profissionais. Isso porque eles podem usar as IAs para automatizar tarefas repetitivas, auxiliar na elaboração de resumos de reuniões, cronogramas e planejamentos. Como os adultos não estão em “desenvolvimento”, eles já aprenderam o básico, assim, a IA serve como um trampolim para realizar as atividades – ao contrário das crianças e adolescentes, que podem ficar reféns do uso da tecnologia já que não aprenderam a fazer determinadas tarefas de maneira autônoma.
4. Como usar a IA de maneira saudável?
Inteligência artificial pode ser usada de maneira saudável e benéfica
Reprodução/Freepik (rawpixel.com)
A IA pode ser usada de maneira saudável, como um ajudante capaz de facilitar a vida dos usuários em atividades do dia a dia. Para isso, é fundamental equilibrar o uso das ferramentas de inteligência artificial com exercícios de criatividade e socialização constante. No caso das escolas e universidades, é relevante priorizar o desenvolvimento de competências como raciocínio lógico e colaboração antes de introduzir as IAs na rotina.
É possível citar o surgimento das calculadoras eletrônicas, na década de 1970. A chegada da ferramenta fez com que os exames ficassem muito mais complexos porque os alunos podiam usá-las em vez de fazer cálculos à mão e dedicar esforços às tarefas mais difíceis. As IAs são muito mais complexas e presentes na vida das pessoas em diversas formas, mas o uso pode ser destinado a determinadas tarefas, o que deixa os usuários livres para realizar atividades que exigem criatividade e pensamento crítico.
Com informações de g1, Agência Brasil, MIT Media Lab, Time, Galileu, TechTudo e YouTube
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