Modo soneca do despertador pode ser perigoso para o seu sono; entenda


Apesar de parecer inofensivo, o modo soneca do despertador pode ser perigoso para o sono. Apertar esse botão no celular para ter “só mais 10 minutinhos” atrapalha o sono REM, fase mais profunda e restauradora, que acontece principalmente no fim da noite e começo da manhã. As consequências desse comportamento, conhecido como snoozing, envolvem desde sensação constante de cansaço ao longo do dia até dificuldade de concentração, memória prejudicada, irritabilidade e humor instável. Mas será que esse costume, tão comum nas manhãs apressadas, pode trazer riscos à saúde no longo prazo?
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Especialistas ouvidas pelo TechTudo afirmam que sim. Quando usado sem moderação e de forma constante, o modo soneca pode levar ao acúmulo de 6 a 8 horas de sono perdido, contribuindo para quadros como pressão alta, problemas cardíacos e alterações hormonais. Nas linhas a seguir, explicamos em detalhes os perigos do modo soneca, quais sinais exigem atenção médica e, principalmente, o que pode ser feito para acordar com mais disposição sem depender desse recurso. Confira.
Imagem ilustrativa de uma jovem levemente irritada com o celular despertando
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Modo soneca do seu despertador pode ser perigoso para o seu sono; entenda
O TechTudo ouviu especialistas para saber se o modo soneca pode ser perigoso para o sono. Sabia que a prática está relacionada ao surgimento de doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2, depressão e ansiedade? A seguir, confira os tópicos que serão abordados na matéria.
Por que o modo soneca pode ser perigoso?
Quando procurar ajuda médica?
Alternativas para despertar melhor
1. Por que o modo soneca pode ser perigoso?
Embora pareça inofensivo, o modo soneca pode fragmentar os ciclos naturais do sono. Segundo estudo publicado no periódico de saúde Sleep, pessoas que recorrem ao botão de soneca têm maior chance de acordar em estágios mais profundos, como o sono N3, o que aumenta a sensação de cansaço e desorientação ao levantar.
Além disso, a ativação repetida de alarmes provoca respostas de estresse no organismo, elevando a frequência cardíaca e reduzindo a profundidade do sono na última hora antes de despertar. Esse padrão, observado em mais de 450 participantes monitorados por dispositivos vestíveis, indica que o hábito pode alterar a fisiologia do sono a longo prazo.
Imagem ilustrativa de um jovem tendo dificuldades em levantar após uma noite de sono
cottonbro studio
Especialistas ouvidos pelo TechTudo explicam que o sono REM, essencial para recuperação emocional, memória e regulação do humor, ocorre principalmente nas últimas horas de sono. Quando a pessoa aperta o botão de soneca várias vezes, ela interrompe exatamente essa fase. É o que afirma a neuropsicóloga Laryssa Borges, especializada em Psicanálise e Análise do Comportamento Aplicada:
“Sabe quando você aperta o botão de soneca várias vezes e, no fim, ainda acorda cansado? Isso acontece porque o sono REM, a fase mais profunda e restauradora, acontece principalmente no final da noite e nas primeiras horas da manhã”.
Mas os impactos vão além do cansaço imediato. A psicóloga especializada em Promoção de Saúde pela American University de Washington e fundadora da Psyché, Karina Stryje, alerta que o modo soneca quebra o ciclo do sono, fazendo com que a pessoa tenha vários períodos curtos de descanso em vez de um sono contínuo e profundo. Isso significa menos descanso para o corpo e o cérebro, o que aumenta a irritabilidade, prejudica a concentração e eleva os níveis de estresse e ansiedade.
E o prejuízo se acumula: estudos apontam que, ao longo do mês, as interrupções podem somar de 6 a 8 horas de sono perdido. Conforme afirma Larissa, o sono interrompido também eleva riscos físicos, como pressão alta, problemas cardíacos e alterações hormonais. Ou seja, dormir fragmentado repetidamente pode prejudicar a saúde mental e física se virar uma rotina constante.
Nesse sentido, Karina Stryjer lembra ainda que o sono fragmentado e de má qualidade está associado a problemas sérios como doenças cardiovasculares — hipertensão e infarto, diabetes do tipo 2, depressão, ansiedade, obesidade e envelhecimento precoce do cérebro.
2. Quando procurar ajuda médica?
Apertar o modo soneca ocasionalmente não é motivo para alarme, mas quando o hábito se torna diário e acompanhado de sinais de fadiga constante, pode ser hora de buscar orientação médica. Sintomas como sonolência excessiva durante o dia, dificuldade de concentração, queda no desempenho no trabalho ou nos estudos e irritabilidade frequente indicam que a qualidade do sono pode estar comprometida. Segundo a psicóloga clínica Kathryn Roecklein, da Universidade de Pittsburgh, o snoozing pode mascarar problemas mais sérios, como insônia ou apneia do sono.
Imagem ilustrativa de um paciente recebendo o feedback do médico
cottonbro studio
As especialistas ouvidas pelo TechTudo ainda destacam que quem depende excessivamente do botão de soneca pode estar enfrentando distúrbios relacionados ao ritmo circadiano. Essas alterações no relógio biológico dificultam o adormecer e tornam o despertar mais penoso, criando dependência do recurso.
Por isso, se mesmo após dormir o tempo recomendado — cerca de sete a oito horas por noite para adultos — o indivíduo sente dificuldade extrema de sair da cama e precisa adiar o alarme várias vezes, o mais indicado é procurar um médico do sono. Ele poderá solicitar exames, como a polissonografia, para identificar a origem do problema e recomendar o tratamento adequado.
3. Alternativas para despertar melhor
Para quem deseja abandonar o hábito do snoozing, a primeira recomendação é óbvia, mas essencial: dormir cedo. Ir para a cama em horário regular e respeitar a necessidade de sono do corpo reduz a dependência de múltiplos alarmes. Outra dica essencial, segundo as especialistas ouvidas pelo TechTudo, é manter o quarto escuro, silencioso e com temperatura agradável ao dormir, e se expor à luz natural ao acordar.
Pequenas mudanças na rotina matinal também fazem diferença. Uma recomendação importante é deixar o celular longe da cama, o que obriga você a levantar para desligar o alarme. Ao mesmo tempo, criar rituais como abrir as janelas, tomar um banho rápido ou ingerir um café leve ajuda o corpo a desligar o “modo noturno”.
Imagem ilustrativa de uma pessoa despertando feliz após uma boa noite de sono
Katrin Bolovtsova
Para quem sente muita dificuldade em acordar, especialistas recomendam evitar sonecas longas no meio do dia e reduzir o consumo de cafeína à tarde, já que esses hábitos interferem no sono noturno. Assim, em vez de depender do botão de soneca, será possível acordar mais disposto, pronto para enfrentar as tarefas com energia e concentração.
Com informações de Health University of UTAH, National Library of Medicine e Time