IA precisa de consentimento? Entenda os limites do uso com celebridades
Uma investigação da Bloomberg revelou que a Meta criou chatbots de inteligência artificial (IA) que simulam celebridades como Taylor Swift, Scarlett Johansson, Anne Hathaway e Selena Gomez, permitindo até a geração de conteúdos sexuais sem permissão. O caso reacendeu o debate sobre privacidade e exploração digital, mostrando como a legislação atual ainda não acompanha a velocidade dos conteúdos gerados por IA. A falta de regulamentação específica e a velocidade de propagação das obras fazem com que abusos se multipliquem, enquanto congressos e plataformas não conseguem lidar com os danos causados. A seguir, relembre casos de famosos que tiveram imagens usadas em conteúdos criados por IA e saiba quais os riscos desse tipo de conteúdo.
🔎 IA de Elon Musk cria nudes falsos de Taylor Swift e outros famosos; entenda
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Falsas imagens íntimas de Taylor Swift, criadas por IA, circularam no X
Reprodução/Bloomberg
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Entenda casos
Rosto da atriz Gal Gadot foi aplicado ao corpo de outra mulher em vídeo pornográfico falso
Reprodução/Vice
Um dos primeiros casos de repercussão envolvendo famosos e uso indevido de IAs aconteceu em 2017, com a atriz Gal Gadot, pouco depois do lançamento do filme Mulher-Maravilha. Na época, vídeos pornográficos falsos com o rosto da atriz começaram a circular na internet. O conteúdo foi criado por usuários do Reddit com uso de algoritmos de deepfake em fase inicial. Anos mais tarde, outras celebridades, como a cantora Taylor Swift e os atores Scarlett Johansson e Jacob Elordi, também tiveram imagens utilizadas em vídeos explícitos criados por inteligência artificial. Contudo, é quase impossível rastrear a difusão dos conteúdos online para garantir que sejam excluídos.
Também há relatos de polêmicas envolvendo atletas famosos. Em setembro de 2024, circulou um vídeo manipulado por IA que mostrava o ex-jogador Ronaldo Nazário supostamente incentivando usuários a baixar o aplicativo de jogo “Plinco”. A apresentação utilizava tanto uma imagem real quanto um áudio imitando sua voz. O post chegou a ser sinalizado como fraude, mas inicialmente não foi removido por equipes da plataforma. Após apelações, o vídeo acabou sendo removido por violar as políticas da Meta, mas, a essa altura, já havia sido assistido por cerca de 600 mil pessoas.
A inteligência artificial também tem sido utilizada para clonar vozes de celebridades. Em 2023, a faixa viral Heart on My Sleeve reproduziu as vozes de Drake e The Weeknd, o que levou gravadoras a exigir a remoção. Isso reacendeu o debate sobre autoria, propriedade intelectual e direitos autorais diante da popularização da IA. No mesmo ano, um grupo de músicos britânicos lançou o projeto “AISIS”, recriando como seriam músicas inéditas do Oasis se a banda estivesse em atividade. Eles compuseram faixas originais, mas usaram inteligência artificial para clonar a voz de Liam Gallagher, recriando o timbre característico do vocalista. Liam Gallagher chegou a comentar o episódio com ironia no X (antigo Twitter), dizendo que soava “bastante autêntico”. Apesar do tom descontraído, o resultado viralizou e gerou debate entre fãs e críticos.
Riscos e impactos do uso indevido
Vozes de Drake e The Weeknd foram clonadas por IA para criação de música não autorizada
Reprodução/Getty Images/via BBC
Os riscos do uso indevido da inteligência artificial vão além de um meme ou montagem inofensiva. A possibilidade de gerar conteúdos falsos sem autorização expõem celebridades a danos emocionais, difamação e exposição, principalmente em casos de deepfake pornográficos, um dos usos mais recorrentes dessa tecnologia. No campo político, vídeos e áudios manipulados já foram utilizados para espalhar fake news em períodos eleitorais, simulando falas de candidatos e até discursos oficiais. Esse tipo de manipulação amplia o alcance da desinformação, dificulta checagem em tempo real e tem influência em votações.
O impacto também pode ser financeiro e social. Fãs já foram enganados em golpes que clonaram vozes de famosos para solicitar transferências via Pix ou divulgar falsos investimentos. Já no mercado cultural, artistas podem perder contratos e oportunidades diante da circulação de versões digitais não autorizadas da própria voz ou imagem, enfrentando batalhas judiciais para tentar conter os danos. Esses episódios evidenciam que a IA, quando usada sem consentimento, pode ameaçar não apenas a privacidade individual, mas a confiança pública em informações, produtos e instituições democráticas.
O que diz a regulamentação?
No Brasil, o direito à imagem e à privacidade é protegido pela Constituição e pelo Código Civil, mas esses instrumentos não foram pensados para situações envolvendo inteligência artificial. Quando ocorre o uso indevido de voz ou imagem em deepfakes, as vítimas devem recorrer à Justiça com ações baseadas em direito de imagem, honra ou difamação. O problema é que o trâmite judicial pode ser lento diante da rápida disseminação desse tipo de conteúdo online. Por enquanto ainda não existe uma lei específica que trate de clonagem de vozes, avatares ou imagens sintéticas criadas por IA. No entanto, especialistas em direito digital alertam para a urgência de criar legislações específicas que definam limites, garantam o consentimento e responsabilizem empresas e indivíduos pelo uso indevido de imagem.
Em outras partes do mundo já há tentativas de resposta para casos como esses. A União Europeia, por exemplo, aprovou o AI Act, primeira grande lei voltada para regular a inteligência artificial, que estabelece regras de transparência e rotulagem para conteúdos sintéticos e impõe restrições a usos de alto risco. Nos Estados Unidos, ainda não existe uma norma federal, mas estados como Califórnia e Texas já aprovaram leis contra deepfakes em contexto eleitoral e sexual.
Com informações de g1 (1,2)
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