O que é Polaroid? Saiba o que significa, como surgiu e mais curiosidades
Polaroid é uma marca nascida em 1937 a partir da invenção de filtros polarizadores de luz, criados por Edwin Land, que com o tempo virou sinônimo de câmeras instantâneas e também do estilo fotográfico “vintage” associado a essas máquinas. A estética peculiar acontece devido ao processo de revelação, que gera fotografias com traços bem marcantes, como contraste suave e tons vermelhos e verdes mais saturados.
Presente em uma nova onda de maquininhas de várias marcas, o estilo polaroide também aparece em filtros do Instagram e até mesmo entre os recursos de IAs generativas, com o prompt que te coloca ao lado de um famoso. A seguir, vamos entender melhor a história da Polaroid como marca, do enorme sucesso no pós-guerra aos momentos de dificuldade e às duas grandes falências. Mostraremos também como uma câmera instantânea funciona e o motivo que faz do estilo polaroid algo tão marcante na fotografia.
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Câmeras estilo polaroid persistem com mais tecnologia e personalidade
Luciana Maline/TechTudo
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No índice a seguir, veja os tópicos que vamos abordar para te explicar tudo sobre Polaroid:
A empresa (do sucesso ao fracasso – até o renascimento)
Polaroid como sinônimo de um estilo
Como funciona a tecnologia original
O que tem de diferente no filme polaroid?
O que significa “Polaroid”?
Outras marcas com câmeras no estilo Polaroid
1. A empresa (do sucesso ao fracasso – até o renascimento)
A Polaroid surgiu ainda em 1937, criada pelo físico norte-americano Edwin H. Land, inventor do primeiro filtro polarizador sintético em 1929. A invenção consistia tanto no filtro em si como em um processo industrial usando plásticos e cristais microscópicos. Essa tecnologia, que tinha usos em instrumentos científicos, fotografia e equipamentos militares, foi essencial para a criação da marca Polaroid alguns anos depois, especializada em lentes que usavam os tais filtros polarizadores.
Em 1948, já depois da Segunda Guerra Mundial e com a diminuição da demanda por lentes polarizadas para fins militares, a Polaroid lançaria sua primeira máquina fotográfica: a Polaroid Land Camera Model 95. O item era revolucionário, já que introduzia um conceito que viraria sinônimo da marca: ela tinha a capacidade de bater a foto e imprimir sozinha a imagem em alguns instantes.
A primeira Polaroid surgiu em 1948
Reprodução/Wikimedia
Ao longo dos anos 1950 e até meados dos anos 1980, a Polaroid adquiriu um perfil jovem e de inovação. Suas câmeras conquistaram o público e viraram referência de estilo, servindo desde acessórios para turistas até instrumentos na mão de fotógrafos famosos, como Ansel Adams, que chegou a criar composições usando câmeras instantâneas. Em 1978, a marca somava uma massa de 21 mil funcionários e atingiria 3 bilhões de dólares de faturamento em 1991.
Os anos 1990, no entanto, significaram declínio para a Polaroid. Problemas de gestão de dívidas e dificuldade de entender e se adaptar ao surgimento do mercado de fotografia digital foram essenciais no processo de decadência. Com o surgimento de máquinas digitais cada vez melhores e mais rápidas, a ideia de instantaneidade das Polaroid foi relativizada. Além disso, o faturamento era muito dependente da venda de filmes, e não das câmeras: com o digital, o lucro caiu progressivamente. Em 2001, a marca sofreria o primeiro processo de falência.
Depois de 2001, apenas a marca Polaroid seria usada numa série de produtos – até TVs – sem grande sucesso. Em 2008, a tentativa de reposicionar o nome Polaroid acabaria em uma nova falência que, com a chegada de redes sociais como o Instagram logo em seguida, parecia sepultar definitivamente a ideia de uma câmera simples que registra e revela a foto na hora.
Em 2017, a Impossible Project comprou o que restava da marca e da propriedade intelectual da Polaroid, incluindo sua última fábrica e seus direitos, e renomeou para Polaroid Originals. Em março de 2020 voltou a ser apenas Polaroid e, até hoje, ganha espaço graças ao movimento que valoriza as fotos reveladas e a sensação de nostalgia frente ao mundo digital e online.
2. Polaroid como sinônimo de um estilo
Polaroid virou também um estilo de fotografias
João Gabriel Balbi/TechTudo
O grande sucesso das primeiras Polaroid não passou despercebido, e marcas rivais começaram também a criar suas câmeras instantâneas. Da mesma forma que uma lâmina de barbear pode ser chamada de “gilete”, os produtos da rivais acabaram apelidados de Polaroids: se a câmera era instantânea, ela era “uma polaroid”. Uma metonímia de respeito.
Outro elemento por trás da consolidação da Polaroid como estilo estava na estética das fotos e mídias em si. As capturas tinham características bem marcantes, como bordas pronunciadas e, mais especialmente, contraste mais suave e tons quentes ou mais esverdeados evidentes. Outro fator eram as imperfeições do processo, como subexposição, bordas queimadas ou manchas.
Na comparação com uma câmera profissional da época, tais características eram claramente uma limitação do processo, mas davam à Polaroid uma característica única, uma forma de representar a realidade diferente da perfeição clínica de uma câmera convencional. O que era sinal de limitação e qualidade inferior, acabou virando um padrão estético próprio, fácil de identificar e que, em vez de desagradar, atrai as pessoas até hoje.
Trend Polaroid coloca o usuário ao lado de um famoso
Arte: TechTudo
Somando-se ao estilo das fotografias, havia todo um ritual talvez um pouco difícil de ser apreciado hoje, na era digital: ao clicar uma foto na câmera instantânea, o usuário podia ver a imagem surgir no papel rapidamente, um efeito visual marcante para quem até então precisava levar um filme e esperar entre horas e dias para ver o resultado. A sensação do registro aparecer impresso no papel em alguns segundos era uma revelação em um mundo completamente analógico.
Todas essas características de estilo, de uso e de imagem não passaram despercebidas para os criadores do Instagram: desde o começo, a maior rede social de fotografia oferecia filtros que reproduziam as limitações do formato Polaroid em fotos digitais.
Mas não é só nas timelines das redes sociais que o estilo persiste. O termo serve para classificar fotos vintage, não importa se realizadas com tecnologia atual ou usando técnicas antigas: mesmo ferramentas de IA generativas, como DALL-E e MidJourney podem produzir imagens seguindo o estilo Polaroid: bordas brancas pronunciadas, formato 10×15, e imagem com contraste suave ou tons saturados.
3. Como funciona a tecnologia original
Câmeras tipo Polaroid ainda funcionam com os mesmos princípios dos modelos originais
Divulgação/Polaroid
A câmera em si funciona de forma similar a qualquer câmera fotográfica: um obturador expõe um filme fotossensível à luz. A grande sacada da Polaroid estava no tipo de filme e em um processo químico de revelação instantânea. Já nos modelos atuais, melhorias como integração com redes sociais e cópias digitais das fotos deram uma sobrevida aos acessórios.
Ao disparar o obturador, a imagem passava pela lente e sensibilizava o filme, que na prática é o papel em que a imagem acaba revelada. Quando a máquina realizava o processo de expelir o filme sensibilizado pela luz, um rolo distribuía uma série de reagentes químicos que realizava o processo instantâneo de revelação. Você já deve ter notado alguém sacudindo a foto instantânea: antigamente, o gesto acelerava a distribuição das substâncias e, consequentemente, fazia a revelação ocorrer mais rapidamente.
Quem já teve curiosidade, ou contato, com o processo tradicional de revelação de fotos a partir de filmes tradicionais vai observar que, basicamente, o que a Polaroid fez foi comprimir um laboratório fotográfico completo dentro de uma câmera.
4. O que tem de diferente no filme polaroid?
Filme usado nas câmeras instantâneas esconde toda a mágica da polaroide
Divulgação/Fujifilm
O grande truque por traz das polaroides está no filme. O material funciona como filme e papel fotográfico para a imagem final, contendo ainda todos os produtos químicos necessários para a revelação da imagem. Em comparação, numa câmera analógica comum você tinha apenas o filme convencional – depois de finalizado, o filme tinha que ser rebobinado e removido, para ser revelado em um laboratório.
O processo de revelação no laboratório envolve, basicamente, a projeção da imagem em filme em papel fotográfico e a aplicação de produtos químicos que revelam e fixam a imagem neste papel. No “papel” polaroid, funcionando em conjunto com a câmera, há tudo que é necessário para revelar a foto: a mídia em si e os produtos químicos que fazem a imagem surgir.
5. O que significa “Polaroid”?
O termo surgiu a partir da invenção de Edwin Land, que citamos anteriormente. É uma contração, em inglês, entre os termos “polarizer” (polarizador) e “oid” (óide), um sufixo que, tanto em inglês como em português, remete à ideia de “parecido com”. Polaroide é um termo que o dicionário define como:
Folha transparente que polariza a luz.
Aparelho fotográfico de revelação instantânea.
Fotografia tirada com esse aparelho.
Mas… o que afinal é um polaroide, como definido por Edwin Land, e sem considerar as câmeras e suas fotografias características? Um polaroide é um filtro de luz que pode ser usado para eliminar luz de alguma faixa de frequência: é um tratamento comum em lentes e até telas LCD atuais.
Em fotografia, lentes polarizadas permitem registrar imagens sem que efeitos negativos de reflexos em água e superfícies de vidro se sobressaiam no resultado final, por exemplo. Na Segunda Guerra Mundial, lentes polaroide eram usadas em periscópios de submarinos para melhorar a visibilidade durante ataques, prevenindo que o reflexo da água do mar perturbasse as observações das tripulações, que dependiam de registros precisos para fazer os cálculos para o disparo de torpedos.
O filme das câmeras instantâneas traz o processo de revelação
Ana Marques/TechTudo
6. Outras marcas com câmeras no estilo Polaroid
A Polaroid virou referência e iniciou o estilo, mas outras marcas acabaram adaptando a ideia e oferecendo também seus produtos nos mesmos moldes. A Kodak, por exemplo, foi uma grande rival que chegou a ser processada judicialmente pela Polaroid nos anos 1970, por conta de sua linha de câmeras instantâneas.
A Fujifilm, com a famosa linha Instax, sobrevive nesse mercado de nicho, disponibilizando câmeras e filmes para quem quer a sensação de fotografia instantânea. Outro exemplo é a Leica Sofort, que usa filmes Instax, assim como produtos que usam o nome Kodak – além, claro, da própria Polaroid, resgatada por investidores e presente no mercado até hoje.
Com informações de Polaroid, Priberam, Artsy, PhotographyLife, Baker Library e Kodak
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